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Vozes autênticas e estilos sombrios definem os influenciadores de subculturas na internet
“A internet não se resume apenas às redes sociais e tem sido muito importante para um "renascimento" da subcultura gótica, diz Henrique Kipper, criador do site Gothic Station

Reprodução: Pinterest
Influenciadores são pessoas que possuem uma presença significativa nas redes sociais e conseguem ditar o comportamento, as opiniões e até mesmo as decisões de compra dos seus seguidores. Devido à popularidade desse tipo de presença nas redes sociais, encontramos influenciadores abordando os mais diversos temas.
Uma tendência que tem crescido bastante é a presença de influenciadores que pertencem a subculturas. As subculturas são grupos sociais que se formam dentro de uma cultura maior, compartilhando interesses, valores, comportamentos e características distintas. Elas podem surgir com base em diversos elementos, como idade, interesses musicais, estilos de moda, atividades esportivas, grupos étnicos, entre outros.
Os exemplos de subculturas mais conhecidas são os Hippies, Punks, Góticos, Nerds, geeks e skatistas, entre muitos outros. Neste artigo, vamos nos concentrar nos influenciadores góticos. Os góticos são uma subcultura que se originou na década de 1980 e são conhecidos por sua estética sombria, estilo musical, moda e interesses culturais específicos. Eles são geralmente atraídos por temas relacionados ao macabro, à literatura gótica e ao romantismo obscuro, bem como filmes e séries com atmosfera mais sombria e elementos sobrenaturais.
A estética gótica é caracterizada por roupas pretas, algumas das quais têm inspiração vitoriana. Muitos preferem usar roupas escuras, como vestidos longos, corsets, botas de plataforma, luvas, casacos longos e acessórios como crucifixos e jóias de prata. A maquiagem também é geralmente escura, com destaque para os olhos e lábios. É importante lembrar que essa subcultura é diversa, e cada indivíduo pode expressar sua identidade de maneira única. Nem todos os góticos seguem todas as características mencionadas, e há espaço para interpretações pessoais.

Reprodução: Instagram
Existem diversos influenciadores que abordam o tema no Instagram, como Suéllen Souza (@halloween_miss), que trata de pequenos elementos da subcultura, e Rachel (@raysoaresart). Para entendermos melhor, conversamos com a blogueira Larissa Mendes (@Lariihmendesz). Além de blogueira, ela também é podcaster na Gothprise, youtuber, maquiadora e Midiáloga. Larissa explicou que, antes, tinha receio de falar sobre a subcultura gótica sozinha, devido aos haters e aos "fiscais da internet", mas que sempre abordou o assunto indiretamente. "Acho que é possível se tornar uma pessoa de referência, mas eu mesma não tenho a subcultura como meu único foco. Gosto de abordar a diversidade dos meus gostos. Se alguém quiser ser um influenciador que se concentre na subcultura, essa pessoa provavelmente não vai agradar a todos os góticos e terá um público limitado. E se for um influenciador gótico que englobe tudo, ainda assim será julgado dentro da subcultura", afirmou.
Tivemos a oportunidade de conversar com Henrique Kipper, criador do site Gothic Station (@gothicstation). Ele nos contou que ele e sua esposa, Flávia, criaram o site porque enfrentaram muitas dificuldades para ter acesso a informações sobre a subcultura gótica. "Percebemos que havia um elitismo da mentalidade antiga em relação aos mais jovens, e a cada geração, toda informação se perdia. Em 2008, já tínhamos visto isso acontecer várias vezes, então decidimos fazer algo para que os novos góticos e góticas que chegassem não passassem pela mesma rejeição, hostilidades e dificuldades de acesso à informação pelas quais nós passamos", falou.
Para Henrique, a internet não se resume apenas às redes sociais e tem sido muito importante para um "renascimento" da subcultura gótica. Segundo ele, hoje em dia, até mesmo pessoas isoladas em cidades sem uma cena gótica presencial podem ter acesso a vivências, informações e elementos culturais da subcultura. "A vivência online é tão válida quanto a presencial e contribui para a formação da identidade social dos indivíduos, até de forma mais consistente. Todas as formas de vivência se complementam", disse.
Kipper também lançou os livros "Happy House" e, posteriormente, as revistas Gothic Station. Além disso, ele e sua equipe organizam eventos góticos em São Paulo, como o Projeto Absinthe, onde também buscam colocar em prática os ideais de receptividade e inclusão.
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Créditos:
Reportagem: Eduarda Burguez
Edição: Bryan Moura, Rayssa Mossatti
Professora responsável: Michelle Raphaelli